A arte do estímulo auditivo: prática nas pesquisas qualitativas
- Erica Gasparetto Martinovski
- 19 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de out. de 2022
Quando decidi ampliar minha atuação voltando a atenção para a experiência do usuário (UX para os íntimos), minha bagagem na fonoaudiologia e estudos da expressão e do comportamento estavam pulsando uma necessidade de mergulhar nos comportamentos humanos numa escala maior que o “um a um” tão característico de quem começa em formações clínicas - como eu.
Ao mesmo tempo que faço essa migração/ampliação, sinto que muito ainda há para ser dito sobre essa interface que conecta áreas que poderiam parecer tão pouco conectadas.
Olhemos para a etapa de pesquisas qualitativas (naturalmente um lugar de maior conforto para mim, depois de tantos atendimentos e trabalhos de conclusão de graduação e pós graduação).
Quase seria possível substituir o conceito PESQUISA QUALITATIVA pelo ESCUTA ATIVA. Percebes?
Promover um espaço para a escuta é fundamental quando precisamos levantar dados nascidos de um processo de investigação (o que de fato é a pesquisa qualitativa). Uma investigação que inclui ao menos um triângulo: o observador, o observado e o contexto/objeto que os une. O exercício da observação é diretamente conectado com a escuta do outro: seus gestos, movimentos, expressões, termos expressos explicitamente e termos que levam a considerações não tão explícitas.
E ao promover espaço para a fala - quando ela acontece em voz alta - ocorre o que na fono chamamos de “feedback auditivo”. A pessoa entra num processamento neural de “autoescuta” que a conduz para reflexões e “sacadas” a respeito do que ela está verbalizando. Esse processo pode conduzi-la, cada vez mais profundamente, em direção a importantes percepções a respeito do que está sendo objeto de estudo. E aqui é a chave da observação! Promover espaço seguro para a expressão do outro, de forma que ele mesmo vá percebendo mais e mais detalhes e conexões de pensamentos que fazem sentido para sua experiência!
E então, nós, que desejamos ocupar o lugar do pesquisador/observador, precisamos treinar a habilidade de escutar os detalhes, suportar os vazios sem tentar preencher espaços com nossa voz e nosso pensamento direcionado.
Eu treinei e treino isso exaustivamente através do yoga. Achas estranho ou curioso?
E você, treina como a sua postura de observador/observador?

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